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O que leva uma grande corporação a comprar uma startup?

por Rafael Assunção

Há alguns anos, um dos principais temas em eventos corporativos dos mais variados tamanhos e setores era a transformação digital. Foram anos discutindo o tema que ainda segue causando grande impacto nas corporações que tentam acompanhar o ritmo acelerado de evolução que a tecnologia impõe para a sobrevivência.

Grande parte dessa busca por reinvenção e sobrevivência está intrinsecamente ligada aos processos de M&A realizados por grandes empresas com foco em startups. Diria que, atualmente, temos três principais motivos pelos quais corporações consolidadas escolhem investir recursos financeiros, materiais e humanos em novos negócios.

Um primeiro motivo para o investimento em startups pode ser a aquisição de um produto inovador, que traga valor e personalização para sua base de clientes. Essa aquisição torna a grande corporação especializada em algo que, até então, não estava no portfólio de soluções oferecido. 

Em segundo lugar está a captação de talentos. Em um mercado altamente competitivo, atrair profissionais qualificados é essencial e, ao adquirir uma startup, a empresa também adquire o time de pessoas que a compõe, muitas vezes com habilidades e experiências específicas. Nesse caso, o objetivo é resolver um desafio estratégico relacionado à busca por talentos.

Além disso, executivos de grandes corporações sabem que a velocidade com que a sociedade se transforma pode fazer com que o negócio se torne ultrapassado rapidamente. Assim, os compradores costumam observar com afinco os pólos de inovação aberta e a criação de novos modelos de negócio que possam estar despontando em diferentes cantos do país – e do mundo.

Construir novas formas de empreender e entregar produtos e soluções inovadoras é um desafio que demanda tempo, gera gastos e envolve riscos. E as empresas que estão atentas ao ecossistema colaborativo podem ter acesso rapidamente ao que há de mais moderno, reduzindo custos e diluindo riscos.

Seja qual for o principal motivo, as transações de M&A permitem que as grandes empresas acelerem o processo de inovação e se adaptem às mudanças do mercado de forma mais rápida e eficiente. Nada disso acontece, no entanto, sem uma dose de risco, natural do dia a dia das startups. 

 

Desafios do buy-side

 

Para o buy-side, o desafio pós deal está na integração entre a empresa adquirida e a empresa compradora – que deve ser bem planejada, levando em consideração as diferenças culturais e a agilidade típica das startups, para garantir o sucesso da parceria e maximizar os benefícios do investimento. Para o sell-side, muitas vezes esse movimento de venda significa crescimento de mercado, liquidez para os sócios, robustez na gestão para solidificar os resultados. 

O importante é estar preparado para o período de negociação, com governança, questões societárias e finanças minimamente organizadas e definidas, para reduzir ao máximo problemas nas etapas pré e pós deal. 

Bons negócios!

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Rafael Assunção

Rafael Assunção é fundador e Managing Partner da Questum, primeira assessoria especializada em operações de fusões e aquisições envolvendo startups do Brasil. Possui mais de 20 anos de experiência como empreendedor, investidor, advisor e board member de startups. Foi mentor de mais de 500 delas nos programas StartupSC e Darwin Starter e eleito, por cinco vezes consecutivas, como um dos 3 melhores Mentores de Startups do Brasil pela Associação Brasileira de Startups.

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